Mensagem Poesia (Nelson Trauzola)

INSÔNIA.


Freqüento minhas noites de insônia
sem temores.
O céu veste-se de gala
para visitar-me.
Acho até que exagera minha importância,
envaidecendo-me
A plenitude da solidão,
sinto-a ao amanhecer.
Como se o céu apagasse suas luzes.
E em seu lugar estendesse uma tela,
pálida e muda.
Imenso vazio e silencio,
que precede o rebuliço.
Todos levantarão, como ao final do filme,
(onde foram ver como era o amor)
Figuras opacas.
De um mundo que não lhes pertence,
e muito menos a mim.
Quase surdas.
Só conseguem ouvir o tilintar de moedas.
Ai de quem tiver algum talento
e não o souber transformar em metal.
Jamais será ouvido.
Antes do amanhecer, é meu o mundo.
As estrelas me ouvem,
e brilham para iluminar-me.
Prefiro as noites de insônia.
Já não as tenho.
Doutrinaram-me e foram-se.
Ha! Quantas amizades fiz,
entre os personagens dos livros, e seus autores.
Quanta riqueza havia, que eu ignorava,
e que a realidade de mim ocultava.
Realidade, pobre realidade.
Não fosse o vôo alçado pela imaginação,
não saberia como vencê-la.
Para alguns, travesti-la com jóias,
o único caminho.
A eles, então, as moedas,
senão, como poderiam?
É correta a natureza.
Dá a quem precisa.
Dá, porém não lhes conta
que o lastimável recurso de comprar
jamais enganará a realidade.
E que se não descobrirem isso a tempo,
estarão condenados ao engano eterno.
E ao sofrimento.
A imaginação me dá a chance de escapar.
Quando, impiedosamente, grassa a foice da realidade,
estou sublimado
e retorno quando ela se vai
sofro menos, por saber que quando ela vier
posso voar, e só preciso imaginar.
Nelson Trauzola.

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